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Relatório aponta que advogado investigado pelo Gaeco visitou “chefões do crime” mais de 400 vezes no presídio em Viana

Um relatório de investigação do Gaeco (Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado),  aponta que o advogado Lucas Depolo Muniz, alvo da operação “Armistício” deflagrada há mais de uma semana, visitou mais de 400 vezes os líderes da organização criminosa Primeiro Comando de Vitória (PCV), que estavam presos no presídio de segurança máxima II, em Viana.

De acordo com o MPES, ele é acusado, junto a outros oito advogados, de facilitar a comunicação entre cinco traficantes que estão presos com outros traficantes que atuam no Bairro da Penha, na capital.  No relatório apresentado pelo Ministério Público pedindo a prisão desses advogados, Lucas é o advogado recordista de visitas aos cinco traficantes. De abril de 2019 a abril deste ano, ele fez um total de 465 visitas aos presidiários apontados como chefes da facção, mostra o relatório. Os advogados utilizavam bilhetes, mensagens de WhatsApp e até videochamadas feitas na prisão com celular dos próprios advogados. As ordens enviadas por esses advogados incluíam queima de ônibus e até execuções.

Segundo as investigações, os cinco detentos responsáveis por comandar a organização criminosa de dentro da prisão são: João de Andrade, o “Joãozinho da 12” ou “Paizão”; Carlos Alberto Furtado da Silva, conhecido como “Nego Beto”, Geovani de Andrade Bento, o “Vaninho”; Giovani Otacilio de Souza , o “Bob Esponja”; e Pablo Bernardes, o “Geléia”.  Eles foram transferidos para presídios do sistema federal fora do Espírito Santo.

Nos registros do sistema prisional em Viana, Lucas Depolo fez 208 visitas a João de Andrade. A Carlos Alberto Furtado foram 140. Geovani de Andrade encontrou-se com o advogado por 75 vezes. Enquanto Giovani Otacílio foi visitado 41 vezes e Pablo Bernardes, uma vez.

Os demais oito advogados, que também foram alvos da operação e foram encontrados, cumprem prisão domiciliar utilizando tornozeleira eletrônica e já compareceram ao Gaeco para prestar depoimento. Já Lucas Muniz, continua foragido.

Advogado levou recados do criminoso mais procurado do Espírito Santo

Lucas Depolo Muniz é citado como o advogado que fez visita aos líderes do PCV no dia do homicídio de Fernando Monteiro Telles, o Fernandinho.  De acordo com a polícia, o mandante do crime foi Ícaro Santana Soares, preso na Penitenciária de Segurança Máxima I, em Viana, por cometer quatro assassinatos.

O motivo do crime seria porque a vítima estaria tendo um caso com a esposa de Ícaro. Telles foi morto com requintes de crueldade, tendo a cabeça decepada e o corpo depois incinerado junto com o carro na Serra.  O crime aconteceu em 28 de março de 2019. Neste dia, segundo o relatório, o advogado visita João de Andrade (vulgo “Joãozinho da 12” ou “Paizão”) na penitenciária de segurança máxima 2 e, no dia seguinte, repete a visita. Também conversa com os detentos Carlos Alberto Furtado da Silva (“Nego Beto”), Giovani Otacílio de Souza (“Bob Esponja”).

“João de Andrade (Paizão) efetivamente recebeu a visita do advogado Lucas Depolo Muniz no dia do crime (entrada 19h52 – saída 23h05) e, no dia seguinte, as três lideranças citadas (Carlos Alberto, Bob e Paizão) recebem a visita do advogado Lucas Depolo Muniz, ficando evidente a comunicação criminosa estabelecida”, registra o relatório do MPES.

Para o Ministério Público, ele levou recados de Fernando Moraes Pereira Pimenta, o “Marujo”, sobre o crime para dentro do presídio.  “Marujo” é considerado líder do tráfico em Morro da Penha e um dos criminosos mais procurados pela polícia no Espírito Santo. Está foragido há quatro anos e é procurado também pela polícia do Rio de Janeiro.

Sejus admite falhas, mas afirma que fez ajustes no presídio

A Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), responsável pela administração dos presídios no Espírito Santo, por meio de nota, admitiu falhas na questão da segurança interna da Penitenciária de Segurança Máxima 2, em Viana, mas afirmou que já fez os ajustes necessários.

Sobre as constantes visitas dos advogados, considerada incomum pelo Ministério Público, a Sejus lembrou que “advogados têm prerrogativa de estabelecer diálogo com seus clientes, de maneira privada, nos termos da legislação em vigor”. (fonte: Folha Vitória)

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