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Pfizer e a Astrazeneca são eficazes contra Delta, mas proteção cai com o tempo, aponta estudo

Um estudo feito pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, concluiu que as vacinas da Pfizer e da Astrazeneca são eficazes contra a variante Delta, mas o nível da proteção tende a cair com o tempo.  A pesquisa em formato preprint (sem revisão dos pares), publicada na semana passada, também apontou que a carga viral dos pacientes infectados pela Delta, mesmo após imunizados, é maior do que entre aqueles que contraíram o vírus por outras cepas.

Ao todo, o estudo analisou 2,58 milhões de testes PCR referentes a mais de 380 mil adultos, entre 1º de dezembro de 2020 e 16 de maio deste ano, quando a variante Alfa, identificada originalmente no Reino Unido, era a principal causa das novas infecções.  Os dados foram comparados com outros 811,6 mil testes de quase 359 mil adultos, coletados entre 17 de maio e 1º de agosto, já com a predominância da Delta.

Os resultados apontam para a eficácia de ambos os imunizantes contra a variante descoberta originalmente na Índia, após a aplicação das duas doses dos dois imunizantes.  O estudo se limitou à análise de pessoas maiores de 18 anos. No caso da vacina produzida pela Pfizer, foi encontrada eficácia de 94% contra a Delta 14 dias após a aplicação da segunda dose. Esse índice caiu ao longo do tempo, chegando a 90%, 85% e 78%, quando passados 30, 60 e 90 dias.

A mesma tendência foi encontrada para a vacina da AstraZeneca, que 14 dias após a aplicação da segunda dose apresentou uma eficácia de 69% contra a Delta. Com uma queda menos abrupta, este índice chegou a 61% passados 90 dias depois da segunda aplicação.

Carga viral é maior, mesmo entre os vacinados

Outra descoberta do estudo foi a de que a carga viral entre pacientes infectados pela Delta, mesmo após receberem as duas doses da vacina, era muito maior do que aquela encontrada entre os casos de infecção pela Alfa, por exemplo.  Ainda não é claro o que isso significa exatamente, mas uma das implicações é a confirmação de que a Delta é altamente mais transmissível do que outras formas do vírus.

A pesquisa também apontou que indivíduos já imunizados e que foram previamente infectados pela covid-19 apresentaram mais proteção contra o vírus do que aqueles que nunca haviam contraído a Sars-CoV-2. A diferença foi de 88% para 68%, entre aqueles imunizados com a Astrazeneca; e de 93% para 85% entre quem recebeu as duas doses da Pfizer.

Ambos os imunizantes também oferecem mais proteção às pessoas mais jovens, de acordo com o estudo. No caso da Pfizer, a eficácia caía de 90% para aqueles entre 18 e 35 anos, para uma taxa de 77% entre quem tinha de 35 a 64 anos.  Para a Astrazeneca, as taxas variaram de 73% a 54% nas ambas faixas etárias, respectivamente.

Debate sobre 3ª dose ganha força

O aumento de infecções e óbitos entre idosos já vacinados – como foi o caso do ator Tarcísio Meira, que morreu aos 85 anos na semana passada – levou o Ministério da Saúde a avaliar a aplicação de uma 3ª dose em grupos mais vulneráveis, como idosos.

Na última quarta-feira (18), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou que o governo federal considere essa estratégia para quem tomou a Coronavac Ela alerta ainda que, tanto a dose extra como a antecipação da segunda aplicação para pessoas dos 30 aos 60 anos são necessárias com o avanço da Delta. “Pensar nas duas frentes é fundamental para evitarmos o espalhamento desta e de outras variantes.”

Outros países como Israel, Chile e Uruguai – já começaram a adotar essa injeção de reforço. Nesta semana, o governo americano também anunciou que vão aplicar essa dose extra na população a partir de setembro. Os Estados Unidos têm sofrido com uma alta de infecções e voltou a superar o patamar de mil mortes diárias.

Especialistas se dividem sobre a estratégia de aplicar uma 3ª dose da vacina no Brasil. Parte dos médicos e cientistas fala em risco de mais infecções diante de uma queda da proteção vacinal. Já outros acreditam que a melhor medida é ampliar a parcela da população adulta vacinada e, assim, reduzir o contágio.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já se posicionou contrária à injeção de reforço, sobretudo pelo fato de uma grande parte dos países – como na África – ainda estarem no início de suas campanhas de vacinação.

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