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ARTIGO: Realidade do Século XXI – Gestão de pessoas e o comportamento humano no espaço de trabalho: Educação básica ao ensino superior

Reportando ao brilhante artigo “Gestão de Pessoa na Educação” de autoria de Maria José Carvas Pedro, PhD e Mestre em Administração e Maria de Fátima Abud Olivieri, PhD em Administração e Mestre em Educação, transcrevo de forma sucinta sobre gestão de pessoas e o comportamento humano na educação.

Segundo as autoras deste artigo, o ser humano deve ser considerado o princípio meio e fim da educação, considerando que os recursos mais importante de uma organização são as pessoas. Afirmam as autoras que as pessoas devem possuir aptidões, pretensões, atitudes, valores, motivações e comportamentos próprios, que podem de certa forma influenciar no clima organizacional.

Para o sucesso de uma organização é preciso que a parte burocrática, incluindo todas as atividades que conhecemos na área de administração (Administrador ou Administração) seja considerada a parte operacional, ou seja, o administrador deve estar preso às atividades burocráticas da empresa, através das funções administrativas: planejamento, organização, direção, comando e controle. A parte intelectual, considerada a parte abstrata (Gestor ou Gestão), deve ser considerada o pensador, aquele que está pensando sempre à frente na tomada de decisões.

Já o empreendedor tem característica diferenciada do empresário, ele é intuitivo, ousado, criativo. Seu perfil é diferenciado, não aceitam a derrota, quando entram em falência, voltam mais fortes e renascem como fênix, diferentemente do administrador que via de regra, desanima com o fracasso. Em todo o mundo, temos poucos empreendedores.

Educar é estimular a busca da perfeição, elevar, despertar a consciência e ainda, facilitar o progresso integral de cada indivíduo. Esse conjunto de capacidades é que faz impulsionar o crescimento empresarial, porém cabe à empresa/instituição, o desenvolvimento de habilidades para recrutar, treinar e manter empregados bem qualificados.

A educação é um ato de desobediência e de desordem, em reação a uma ordem dada, ou seja, uma pré-ordem. A educação é obra transformadora, criadora. Para criar é preciso mudar, perturbar, modificar a ordem existente. Fazer alguém progredir, significa modifica-lo. Não se pode falar sobre educação, sem mencionar pelo menos o conceito de andragogia (GADOTTI, 1991).

A Andragogia significa, portanto, “ensino para adultos”. Busca promover o aprendizado através da experiência, fazendo com que a vivência estimule e transforme o conteúdo, impulsionando a assimilação. Na essência, a Andragogia é um estilo de vida, sustentado a partir de concepção de comunicação, respeito e ética, através de um alto nível de consciência e compromisso social (ADRIANA MARQUEZ).

As regras para a educação superior é diferente da educação infantil, o mestre (Facilitador) e os alunos (Participantes) sabem que tem diferentes funções, mas não há superioridade e inferioridade. Dessa forma, pode-se dizer que em geral, as experiências mais marcantes resultam em mudanças práticas na vida cotidiana, as quais são apresentadas, via de regra, sob a influência das emoções.

A prática educativa é um complexo de atos e de conhecimentos, de decisões e de atenção que ultrapassam as possibilidades de uma teorização global. O conhecimento pode ser um ato paralelo da aprendizagem ou ainda identificado como cumulativo e espontâneo, quando se adquire independentemente de estudos, pesquisas ou reflexões (GADOTTI).

Para Peter Drucker: “Na era do conhecimento, o sucesso sorri para os que sabem administrar seus pontos fortes e fracos”. Para que possamos concretizar o ato de aprendizagem é preciso, além de ter que saber se relacionar consigo mesmo, é preciso ter uma convivência com os outros e com o meio ambiente,

É de sabença que toda organização é constituída de pessoas e que delas depende para seu sucesso e continuidade. O estudo das pessoas é fundamentalmente básico para uma organização, principalmente para a administração de Recursos Humanos.

Pelo exposto até o momento, pode-se observar que tanto nas áreas de conhecimento da educação como na administração, existe um elemento comum que é o “indivíduo”. Os fatores práticos que influenciam uma organização/instituição, para que o conhecimento tenha o resultado pretendido são: comunicação, motivação, reciprocidade, criatividade e trabalho em equipe. O conhecimento é um tesouro, mas a prática é a chave para ele (Thomas Fuller, 1608- 1661).

Ao longo do tempo sobreviver e prosperar significava adaptar-se. As mudanças que só apareciam de uma geração para outra, agora surgem de um ano para outro. Uma pessoa, durante toda sua vida, não precisava passar por muitas mudanças de paradigmas (muitas vezes não passava por nenhuma). O que há de diferente nesta entrada de novo milênio é que o tempo encurtou.

Lidar com essa nova realidade, uma nova dimensão das empresas/instituições, começa a ganhar importância e relevância para que o profissional continue no mercado de trabalho. Atualmente, qualidades como: virtualidade, conectividade, capacidade de adaptação, rapidez, consciência, emoção e inovação, são indispensáveis para a sobrevivência de uma instituição.

A profissão de Educador, embora seja uma missão importantíssima da atuação profissional, é apenas uma das variáveis que envolvem o trabalho e a realização profissional. Para tanto é necessário o entendimento de toda uma dinâmica e o desenvolvimento de estratégias para direcionar as decisões e mudanças, sempre com objetivo de prestar ao cliente serviços de qualidade.

O cliente tornou-se exigente não só tecnicamente, mas percebe a organização, localização, segurança, a pontualidade, o senso administrativo, o gerenciamento de pessoas, o marketing, O profissional é avaliado na sua totalidade e não mais tecnicamente.

Tudo que um jovem aprendeu nos quatro ou cinco anos na universidade é suficiente apenas para o primeiro ano de vida profissional, para os nos seguintes, o aprendizado terá que ser recomeçado. A chance de fazer uma carreira apenas com o que se aprendeu na universidade hoje em dia é zero (JOHN MAYO).

Acredita-se que uma das principais causas para a afirmação acima, é a falta de atualização dos conceitos recebidos, leitura, pesquisa, e investimento na carreira profissional. De nada adianta ter a criatividade, espírito inovador se não tiver atitude para realizar a mudança necessária.

Sobre criatividade e inovação, o problema nunca é como trazer ideias novas e inovadoras para a mente, e sim como tirar as ideias velhas de lá (TOM PETERS). A verdadeira viagem de descobrimento não consiste em procurar novas paisagens, mas em ter novos olhos. Esse novo olhar só poderá ser percebido, à medida que novas ideias atingirem a mente e elas modificam a maneira de pensar e agir (MARCEL PROUST, 1971-1922).

Este é o âmago da questão! O quão importante é a gestão de pessoas nessa área do conhecimento. Pensa-se muito na relação professor-aluno, mas existe também a relação escola-professor, e é neste complexo contexto da tríade aluno-professor-escola que a gestão irá mostrar seus diferenciais.

Como poderá um educador usar a sua totalidade, seu potencial, sua criatividade, sua inovação, se não houver gestão de pessoas! Não foi a ausência desta gestão o fator tão marcante do filme “Sociedade dos Poetas Mortos”? Nesse sentido, pode-se observar que o desafio não é necessariamente o de trocar de gestores e sim de qualificar (com técnicas) os que já fazem parte das organizações/instituições. A relevância está no quanto o dirigente conhece na sua área de atuação e não simplesmente a sua formação de origem.

Uma das funções mais negligenciadas nas instituições de ensino superior é a sua gestão. Alguns elementos contribuem para a situação em que se encontra a gestão das instituições de ensino superior.

O primeiro deles é o fato de se atribuir à função gerencial na escola uma dimensão essencialmente operacional e secundária.

O segundo é a ausência de modelos próprios de gestão para a organização educacional (…).

Finalmente, um terceiro elemento é o predomínio de uma prática amadora e professora de gestão. As pessoas escolhidas para ocupar as posições de gestão não possuem preparação formal ou adequada experiência para assumir posições gerenciais.

Para se realizar um trabalho com pessoas, é necessário entender um pouco do comportamento humano e conhecer os vários sistemas e práticas disponíveis, que auxiliam na construção de uma força de trabalho qualificada e motivada.

Sendo em parte intangível, o capital humano não pode ser gerenciado da mesma maneira que as empresas gerenciam tecnologias, produtos e cargos/salários. Porém para formar esse capital, os gerentes precisam desenvolver estratégias que possam garantir um pessoal com habilidades, conhecimentos e experiências.

Considerando que, em geral os consumidores são indecisos, as organizações/instituições, exercem através de seus funcionários, um poder de influência mais relevante que qualquer outro setor, tanto pela característica intangível do serviço que faz com que a tangibilidade seja transferida para pessoa que o oferece, quanto pela confiança que é á base dessa atividade.

Gestão de Pessoas na Educação, o que temos contribuído para isto? Se o mercado deseja profissionais preparados, nós educadores, temos a obrigação de mostrar que os alicerces de uma carreira com futuro promissor, começam pela gestão.

Murilo Cabral de Lacerda

Mestre em Contabilidade, Controladoria e Finanças Pública

Pós Graduado em Auditória e Perícia Contábil

Pós Graduado em Epistemologia Genética e Educação

Pós Graduando em Didática do Ensino Superior

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