Ataques de Lula ao Banco Central unem oposição contra o petista
As duras críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Banco Central e sua taxa de juros colocaram o assunto no centro do debate político nesse início do ano legislativo, com a oposição deixando disputas internas de lado para se unir e defender a independência do BC. De seu lado, a base petista defendeu as teses de Lula, mas de maneira mais tímida, indicando que, mesmo entre os governistas, há questionamentos sobre o tom adotado pelo chefe do Executivo.
O cientista político André Cesar avalia que Lula está conduzindo o tema dos juros com um tom muito radical, que mais atrapalha do que ajuda no debate, mas acredita que o presidente tem um plano político por trás das palavras: se proteger politicamente. “Mesmo com esses juros, a inflação pode escalar de novo em algum momento, a economia pode ter dificuldades para avançar. E Lula já joga essa responsabilidade para o lado do Banco Central”, afirma ele, em conversa com o Metrópoles.
Há atores políticos no entorno do governo que concordam com o especialista, mas, publicamente, ninguém se manifestou. O ministro Fernando Haddad, chegou a atuar como bombeiro na crise, ao ver pontos positivos na ata que o Comitê de Política Econômica (Copom) soltou na terça e está disposto a retomar o diálogo com Campos Neto.
Líderes da base petista foram em socorro ao presidente, que se tornou alvo de críticas da oposição e de analistas políticos pelo tom adotado nos ataques. “A nota divulgada pelo Bacen está muito mais crítica ao governo do que acontecia no ano passado, quando o Banco Central não deu um pio sobre as façanhas orçamentárias de Bolsonaro para se reeleger. Aliás, o ‘mercado’ também aquiesceu”, afirmou a deputada federal Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT.
O vice-líder do Governo Lula na Câmara, Alencar Santana (PT-SP), foi mais duro no tom e cobrou a renúncia de Campos Neto. “Nunca deu um pio sobre a farra fiscal de Bolsonaro pra tentar se reeleger; não cumpriu as metas estabelecidas por lei. Quando ele vai pedir demissão?”, cobrou o parlamentar petista. *fonte: Metrópoles