Economia

Economia do ES cresce pelo 4º trimestre seguido e chega ao patamar de antes da pandemia

A atividade econômica do Espírito Santo cresceu 0,2% no segundo trimestre de 2021 na comparação com o primeiro trimestre deste ano. Com o número, o Estado teve o seu quarto resultado positivo consecutivo nesta base de comparação e tem o melhor desempenho desde o período pré-pandemia (4º trimestre de 2019). As estimativas do Indicador de Atividade Econômica do Espírito Santo (IAE-Findes) foram divulgadas durante coletiva de imprensa realizada pela Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes).

“Tivemos importantes investimentos anunciados ao longo deste ano e são bons indicativos de como a indústria capixaba vem se movimentando. Entre eles estão os da Vale, que vai investir cerca de US$ 135 milhões para produzir um material que polui menos (“briquete verde”), e o da EDP, com aporte de R$ 38 milhões para melhorar a distribuição de energia em 10 cidades da Região Sul do ES”, comentou a presidente da Findes, Cris Samorini.

A economista-chefe da Findes e gerente executiva de pesquisa e avaliação do Instituto de Desenvolvimento Industrial do Espírito Santo (Ideies), responsável pela elaboração do indicador, Marília Silva, destaca que o segundo trimestre de 2021 apresentou um início preocupante no que diz respeito à evolução da covid-19 no estado e no país.

Na ocasião, os elevados números de novos casos da doença e de ocupações de leitos hospitalares levaram à adoção de medidas restritivas mais rígidas por parte do governo do Estado. “Contudo, à medida que os dias e meses se passaram, os mapas de risco de classificação dos municípios capixabas, elaborados pelo governo do Estado, apresentaram melhora na evolução quanto aos riscos locais da doença. Essa mudança viabilizou a retomada de atividades econômicas em meados do trimestre”, explicou.

A economista complementa que, apesar da intensificação das restrições iniciadas no fim de março, e que perduraram em abril, a economia capixaba manteve certa estabilidade no segundo trimestre, na comparação com o primeiro, variando positivamente em 0,2%. “Com isso, o nível de atividade da economia capixaba ultrapassou em 0,6% o patamar do período pré-pandemia (quarto trimestre de 2019)”, comentou Marília.

Comportamento semelhante também foi observado para a economia nacional, que apresentou um PIB estável, porém negativo (-0,1%) na passagem do primeiro para o segundo trimestre de 2021, permanecendo no mesmo nível verificado no pré-pandemia.

Setor de serviços ajuda a impulsionar a economia capixaba

De abril a junho deste ano, a economia capixaba foi novamente impulsionada pelo setor de serviços que, apesar de variar 0,2% frente aos três primeiros meses do ano, por representar 54% da economia capixaba, contrabalanceou as quedas nos setores de agropecuária (-7,6%) e da Indústria (-0,4%).

A indústria capixaba apresentou variação de -0,4% no segundo trimestre do ano. O desempenho foi resultado, principalmente, pela queda de 0,6% na indústria extrativa, motivada por uma menor produção de petróleo e gás natural. Nesta mesma análise, a construção variou -0,3%.

“Ainda temos campos offshore a serem explorados no Espírito Santo, mas isso não vem ocorrendo na velocidade que gostaríamos e a produção de petróleo no estado vem reduzindo a cada ano. O projeto da Petrobras no sul do estado, o Integrado Parque das Baleias, foi novamente cancelado pela estatal. Esse investimento é a oportunidade que ainda temos de dar um salto na produção”, afirma Cris Samorini.

Já do lado dos segmentos que tiveram alta, na passagem do primeiro para o segundo trimestre, estava a indústria de transformação, que avançou 1,9%, e a de energia e saneamento (+8,3%).

Construção registra crescimento de mais de 75% em um ano

As estimativas do IAE-Findes mostram que a atividade econômica capixaba apresentou expressivo crescimento de 16,6% na comparação do segundo trimestre de 2021 com o mesmo período de 2020. Nessa mesma base de comparação, o Brasil cresceu 12,4%. “Esses resultados foram influenciados por uma base de comparação deprimida do 2º trimestre do ano passado, período de ampla adoção das medidas restritivas contra a covid-19, tanto nos estados brasileiros, quanto em países que são parceiros comerciais, o que levou à contração da atividade econômica capixaba e nacional naquele período”, explicou a economista-chefe da Findes.

Ainda de acordo com Marília, no Espírito Santo, o setor industrial cresceu 26,4% no segundo trimestre de 2021, na comparação com igual período de 2020. Entre os seus segmentos, o destaque do segundo trimestre deste ano foi a construção, que após registrar no segundo trimestre de 2020 o menor patamar da série histórica (com início em 2000), manteve a trajetória de recuperação iniciada ao final do ano passado. Na comparação entre o segundo trimestre deste ano e o mesmo período do ano passado, o setor cresceu 75,4%.

Outras atividades industriais também foram positivamente influenciadas, como a indústria da transformação (75,4%). Nela destaca-se a fabricação de minerais metálicos e a metalurgia, que no segundo trimestre de 2021 cresceram 57,4% e 73,3%, respectivamente, em relação ao segundo trimestre do ano passado.

O avanço da indústria de transformação é explicado pelo bom desempenho de todas as atividades pesquisadas pelo IAE-Findes: a metalurgia (73,3%), a fabricação de produtos minerais não-metálicos (57,4%), a fabricação de produtos alimentícios (56,1%), a fabricação de coque e produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (38,2%) e a fabricação de papel e celulose (30,0%). “A indústria da construção, por sua vez, cresceu influenciada pelo aquecimento do setor, verificado também a nível nacional”, comentou Marília.

A indústria extrativa foi o único setor industrial a apresentar recuo na comparação com o segundo trimestre de 2020 (-2,7%). Ele foi pressionado pela menor produção de petróleo e gás natural no Estado (-6,0%), ao passo que a pelotização de minério de ferro cresceu no período (9,6%).

Além da queda natural da produção nos campos já explorados, no segundo trimestre, ocorreu ainda uma parada programada em uma plataforma do Campo de Jubarte, o maior campo produtor do Espírito Santo, que influenciou o posicionamento da indústria extrativa abaixo do nível verificado no segundo trimestre de 2020.

Comércio, serviços e agropecuária

Ainda de acordo com o levantamento da Findes, o setor de serviços avançou 14,9% em relação ao segundo trimestre de 2020, explicado pelos resultados positivos em todos os segmentos do setor, sobretudo o comércio, que cresceu 35,7%, além dos transportes de cargas e pessoas (16,4%) e demais serviços (8,7%).

Já a agropecuária retraiu 5,3% ante ao primeiro trimestre de 2020, influenciado por recuos na agricultura e na pecuária devido a menor produção do café arábica, da banana, da pimenta-do-reino e do tomate, no setor agrícola capixaba, e de bovinos, leite e suínos, na pecuária.

Segundo a Findes, os fatores que influenciaram o desempenho da produção do setor no segundo trimestre estão mais correlacionados aos acontecimentos inerentes ao período do que especificamente à base de comparação do segundo trimestre de 2020.

São eles: os altos custos dos insumos na atividade pecuária (como milho e farelo de soja) e na agricultura (como fertilizantes e máquinas e equipamentos, sobretudo os importados). Além disso, o volume de chuvas reduzido nos meses do trimestre afetou o pasto para a criação de gado e o desenvolvimento das lavouras. Também houve o efeito da bienalidade negativa do café esperado para este ano.

Sobre o IAE-Findes

O Indicador de Atividade Econômica do Espírito Santo – IAE-Findes é uma estimativa trimestral, com abertura setorial, da evolução do PIB capixaba. O IAE-Findes busca reproduzir os cálculos sobre a atividade econômica do Estado a partir das metodologias do IBGE para o PIB oficial do Estado.

Por que um indicador de atividade econômica para o ES?

O IAE-Findes é um indicador que permite mensurar a atividade econômica capixaba trimestralmente, com abertura setorial enquanto ainda não estão disponíveis as informações anuais do Sistema de Contas Regionais (SCR) do IBGE, que apresentam defasagem de dois anos.

Categorias
EconomiaNotícias