Prefeito de Vitória se envolve em confusão com coronel da PM no Sambão do Povo
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O prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) foi agredido na segunda noite dos desfiles das escolas de samba do Carnaval de Vitória. Por volta das 3h deste domingo (23), em meio a uma confusão generalizada, o prefeito da capital levou golpes no rosto e acabou se desequilibrando e caindo na avenida do samba, durante a apresentação da Mocidade Unida da Glória.
A briga foi registrada em vídeo e foi o final de uma sequência de acontecimentos que têm versões diferentes, de acordo com os envolvidos. Em conversa com a reportagem de A Gazeta logo após o ocorrido, Pazolini disse que um militar teria agredido uma funcionária do governo do Estado. Ele, então, teria tentado apartar. De acordo com a assessoria de imprensa da prefeitura, o militar estaria armado.
A mulher que teria sido agredida entrou em contato com a redação de A Gazeta ainda durante a madrugada. Segundo ela, o homem que aparece no vídeo, o coronel Sérgio Luiz Anechini, subsecretário da Casa Militar do Governo do Estado, estaria tentando acessar uma área restrita do Sambão do Povo e foi contido pelos seguranças. Ainda segundo a mulher, quando o homem insistiu em entrar no local proibido, ela teria segurado a camisa dele. “Nisso ele virou e me bateu, a camisa rasgou e arma ficou à mostra”, relata a mulher, que pediu para não ser identificada. O coronel nega as agressóes (leia abaixo a versão dele).
Ela informou que foi a uma delegacia realizar exame de corpo de delito. Segundo o relato dela, após a camisa do militar ser rasgada e os seguranças notarem que ele estava armado, a equipe do prefeito se dirigiu até a área. “Pazolini estava gravando para tentar provar o ocorrido, enquanto a equipe dele estava ao redor para tentar conter o militar. Foi a hora que o cara tentou bater no Pazolini”, afirma a mulher.
O coronel Anechini tem uma versão diferente. Primeiro, nega que tenha agredido a mulher. Sobre estar armado, alega que estava em serviço e que havia se identificado e informado estar armado quando passou pela segurança do evento na entrada principal, quando chegou à área dos camarotes. Como membro da casa militar e as necessidades de segurança operacionais em ambientes onde está o governador do Estado, o coronel tinha trânsito livre em algumas áreas e ainda informou que recebeu uma pulseira que liberava o acesso. “Sou subsecretário da Casa Militar e, junto com outros profissionais, auxilio na segurança e no deslocamento do governador, principalmente nesses eventos grandes”, explica Anechini.
Ele acrescenta que, para realizar esse trabalho na sexta-feira (21) e no sábado (22), recebeu uma pulseira que permitia livre acesso a todas as áreas comuns do Sambão, exceto os camarotes. “Ao passar pelo corredor da imprensa, próximo à entrada do camarote do governo, onde eu iria entrar, tinha um segurança em pé, com uma barreira física incomum, e disse para mim que eu não iria passar. Expliquei para ele que estava com a pulseira de acesso livre e que poderia acessar ali para ir ao camarote.”
Anechini afirma que tentou argumentar com o segurança. “Quando eu dei um passo e encostei nele, ele me agarrou e rasgou minha camisa. Eu não vi que tinha nenhuma segurança a mais ali, no local, porque eu conversava diretamente com esse homem. Nem sabia que tinha uma mulher ali”.
O coronel relata que, na sequência, Pazolini veio em sua direção filmando com um celular. “Ele estava rindo, debochando. E eu falei com ele: ‘cara, não precisa disso, você me conhece, eu te conheço. Isso não é necessário’. Quando ele se aproxima, vejo que não vai parar de debochar e nem de filmar, então tomo o celular dele”.
Nas imagens, é possível ver o momento em que o prefeito discute com o coronel e aponta o celular para ele, parecendo estar gravando. O coronel Anechini, de camisa azul, consegue pegar o aparelho da mão de Pazolini. A partir daí, começa uma confusão generalizada. É nesse momento que uma mulher acaba acertando o rosto de Pazolini com um tecido. Ele se desequilibra e cai na pista.
Durante a confusão, o coronel é imobilizado com um golpe conhecido como mata-leão. Na sequência, em outras imagens gravadas pelo público, o militar aparece deixando o local. O coronel Sérgio Luiz Anechini registrou queixa na delegacia e fez exame de corpo de delito, registrando as agressões que também sofreu na confusão. Agora, caberá à polícia investigar a sequência de versões para apurar quem está com a razão.
*Reprodução: A Gazeta